terça-feira, 23 de julho de 2013

[Coluna] Leandro, em números

Foto: Instagram/ vilson88
Por Dimitrius Pulvirenti

Hoje, o Lance! publicou reportagem (aliás, ótimo trabalho) que afirma que o contrato de Leandro permite a renovação de seu empréstimo por mais um ano, sem custos ao Palmeiras, com exceção do justo aumento de salário para o jogador. Após chegar como parte da troca com Hernán Barcos, o atacante disse que é torcedor do Palmeiras, fez gols, deu assistências e vem mantendo certa regularidade. Até aonde ele pode ir?

O primeiro passo para uma análise próxima da realidade é definir a posição na qual Leandro atua para compará-lo com outros jogadores do mesmo setor. Ora, apesar de ser um jogador de bastante movimentação, não há muita polêmica quanto ao tema: trata-se de um atacante que joga pelo lado do campo, com técnica o bastante para aparecer também pelo meio-de-campo para ajudar na armação das jogadas ou abrir espaço para a ultrapassagem de um lateral ou ainda entrar na área para marcar gols. 

Resolvido isso, organizei um rol de jogadores similares que estão na elite do futebol brasileiro na posição. Não estou me referindo a jogadores de nível internacional, ou apenas de jogadores de Seleção Brasileira, mas de atletas que são destaques na posição e atuam no Brasil. São eles: Bernard, Emerson, Alexandre Pato, Rafael Sobis, Vargas, Forlán. Além deles, colocarei Kleber e Luan no rol. Não são elite, mas são jogadores que passaram pelo Palmeiras e jogavam em posições similares, sobretudo Kleber.

Porém, antes de passarmos à comparação em si, cabe explicar o método rústico que adotarei. Ao invés de números absolutos de gols, tentarei compará-los por meio da média por jogo e por "ratio", isto é, dando a resposta para "a cada quantas finalizações erradas ele dá uma certa?".

GOLS POR JOGO
  1. Forlán - 0,62
  2. Leandro - 0,43
  3. Luan - 0,42
  4. Sobis - 0,33
  5. Pato - 0,32
  6. Vargas - 0,28
  7. Bernard - 0,26
  8. Kleber - 0,15
  9. Emerson - 0,12
A média de gols de Leandro é, sim, muito boa. Entretanto, os três primeiros são exatamente aqueles que não jogaram a Libertadores. Leandro, por não estar inscrito com o Palmeiras, Forlán e Luan, porque Internacional e Cruzeiro não estavam classificados. Todos os outros jogadores enfrentaram competições mais difíceis, como a própria Libertadores, com defesas melhores, e até sendo poupados de jogos de nível menor nos Estaduais.

FINALIZAÇÃO CERTA/FINALIZAÇÃO ERRADA
  1. Luan - 1,25
  2. Forlán - 0,92
  3. Vargas - 0,90
  4. Pato - 0,88
  5. Leandro - 0,84
  6. Bernard - 0,76
  7. Emerson - 0,57
  8. Kleber - 0,62
  9. Sobis - 0,56
Me senti no DEVER de explicar por que Luan tem mais finalizações certas do que erradas. Finalizações certas não são aquelas que resultam em gol ou chutes que levam perigo, mas aquelas que vão na direção do gol. Luan não precisa ter chutado muito bem, apenas ter chutado no gol. Outrossim, Luan, dentre os citados, foi o que menos jogou (14 partidas), sem falar que a partida contra o São Paulo deve ter melhorado seus dados. Leandro, aqui, fez um ótimo trabalho. Com apenas 20 anos, tem um nível de acerto na finalização próximo ao de jogadores de renome internacional, como Pato - que também atua como centroavante, Vargas e Forlán.

MÉDIA DE ASSISTÊNCIAS

  1. Emerson - 0,38
  2. Leandro - 0,33
  3. Bernard - 0,26
  4. Forlán - 0,24
  5. Sobis - 0,14
  6. Pato - 0,06
  7. Kleber - 0,05
  8. Vargas - 0,04
  9. Luan - 0
Mais uma vez, Leandro desempenha um ótimo papel, com uma média de assistências no mesmo nível de grandes jogadores e muito melhor do que aqueles que jogam na sua última equipe: Vargas e Kleber. O desempenho de Pato deve-se a ter jogador como centroavante boa parte das partidas, isto é, não é o principal responsável por dar assistências.

EFICIÊNCIA NO PASSE
  1. Sobis - 90,7%
  2. Bernard - 88,4%
  3. Leandro - 87,8%
  4. Emerson - 87,6%
  5. Forlán - 86,8%
  6. Kleber - 86,2%
  7. Vargas - 83,6%
  8. Pato - 82,2%
  9. Luan - 80,0%
A eficiência no passe tem algumas variáveis: alguns jogadores preferem passes mais verticais, mais desafiadores, mais difíceis e mais recompensadores. Outros, preferem passes mais simples, que não criam situações de gols mas diminuem a possibilidade de perder a posse de bola. A experiência que o palmeirense possui com Luan permite dizer que ele não está incluído no primeiro grupo, mas no segundo, de maneira que sua falta de eficiência no passe é assustadora. Leandro, mais uma vez, está entre os melhores. Para um jogador com seu estilo de jogo é um bom índice de acerto.

Há outros dados interessantes para serem comparados, como dribles, perdas de posse, mas esses não estão disponíveis com tanta facilidade e eu teria - e vou! - fazer um trabalho ainda mais detalhado.

Quando pensei nesta coluna, minha proposta era mostrar que não podemos nos empolgar tanto com Leandro, que ele vinha contando com a sorte em algumas jogadas. Continuo não acreditando que ele será do nível de um Forlán. No seu caso, porém, os números acompanham a produção em campo. É um jogador que finaliza bem, que dá assistência.

Contudo, esses já são necessários para alguma conclusão. O nível de desempenho de Leandro no ano é muito bom, ótimo. É necessário ter em mente, entretanto, o grau de dificuldade que ele vem enfrentando, muito abaixo em relação ao da Série A. No ano que vem, se o Palmeiras subir, deve enfrentar defesas mais organizadas e zagueiros mais eficientes. Em paralelo a isso, deve também trabalhar para melhorar, de maneira que não caia de rendimento. Com apenas 20 anos, Leandro ainda tem como melhorar. Não está pronto, como Forlán, Emerson, Rafael Sobis ou ainda Kleber. Mais do que isso: tem habilidade pra melhorar, como não é o caso de Luan. Sem falar nos números do Barcos...

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